Daniel Campos

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07/04/2013 - Rio de batucada

Contra os males do mundo, faça um samba de amor. Um samba que fale de corações flechados, de bocas unidas, de mãos dadas pela estrada. Um samba de corda, de sopro e de percussão. Um samba pra rua, pra avenida, pro morro, pro quarto. Um samba com o alcance de um romance. Um samba que verse sobre paixões impossíveis, invencíveis, incríveis. Um samba cantado de dentro pra fora e também de fora pra dentro. Um samba entoado com convicção como um hino. Um samba de buscas e procuras, de encontros e desencontros. Um samba de pegada, que arrepia a criatura amada. Um samba visceral, ancestral, fatal. Um samba de entrega, que não se nega a ninguém. Um samba que sirva como alento aos peitos vazios. Um samba que mova as águas do passado ao longo do curso do rio nascido de uma batucada.

Para combater a realidade nada melhor do que um samba lírico. Um samba puro, sem contaminações. Um samba de mesa, um samba de vela, um samba de roda. Um samba de sol de domingo. Um samba de lua cheia. Um samba de flerte, de namoro, de noivado, de casamento e também de separação. Um samba que traduza as dores e as belezas de uma relação. Um samba de conquista, de envolvimento, de obsessão. Um samba cujo tempo seja contado nas voltas de um pandeiro. Um samba de sussurros de tamborim, de gemidos de cuíca, de gritos de cavaquinho. Um samba entre damas e cavalheiros. Um samba de corpos entrelaçados como taças de vinho. Um samba liberto e prisioneiro pelo mesmo sentimento. Um samba febril, que desbrave o futuro ao longo do curso do rio nascido de uma batucada.


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