Daniel Campos

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09/01/2012 - Reprises

Janeiro é o mês das reprises. O mês com cara de passado, repleto de marcas e cicatrizes. Até mesmo as promessas de ano novo que tomam conta do dia 1º são velhas. Os rituais são os mesmos dos anos anteriores. As profecias já foram professadas há séculos, milênios talvez. As expectativas já foram esperadas em outras oportunidades. O mesmo do mesmo acontece em janeiro. Falta novidade nas festas ou nos eventos cotidianos. Janeiro, a locomotiva da repetição.

Não há nada de novo na programação da TV. As notícias são requentadas. Tudo já foi falado e visto e revisto. As roupas são retro. Os cortes de cabelo já foram moda em outras estações. Janeiro é um espelho com reflexos em preto e branco. Na boca, nada de novo. Os sabores já são conhecidos. Sol e chuva, independentemente do tempo, há um temporal de nostalgia lá fora, cá dentro. Até mesmo as tragédias se repetem. Em janeiro, Deus inventou o replay.

O mundo, em janeiro, sofre sucessivas crises de criatividade. Falta ineditismo. Janeiro não se cria, janeiro se copia. É como se o calendário entrasse numa máquina copiadora e Janeiro fosse uma reprise de janeiros, de fevereiros, (...), de dezembros que já passaram. Há um quê de lembrança solto no ar. O que parece não novo é somente um remix ou um remake. Janeiro cheira à naftalina. Janeiro é o futuro andando para trás.


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