Daniel Campos

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Registro civil

- Em que posso ajudar?

- Eu queria registrar meu filho.

- Você é o pai?

- Sou sim senhor?

- Parabéns, mas não me parece muito contente.

- É... Eu tenho dó dele.

- Desculpe-me, mas ele tem algum problema, não é sadio?

- Tem não seu moço. É um menino forte, encorpado, lindo.

- Então?

- Eu tenho pena é do futuro dele. Agora que ele tá mamando tá tudo bem, mas daqui um tempo a mué fica sem leite e ele já vai começar a chorá de fome. Sabe, eu tenho um empreguinho, mas é coisa pouca, depois com o tempo, já vai precisá de remédio, médico, brinquedo, roupa e essas coisas todas. Depois não sei se ele vai conseguir estudo, se vai arranjá emprego, se vai tê onde morar, se vai tê dinheiro para sustentá seu filho...

- Mas o senhor está pensando muito longe?

- Eu sei do futuro.

- Sabe?

- Sei porque já fui esse passado.

- Bem... Vamos ao que interessa.

- Sim senhor.

- Nome da criança?

- Ainda não pensei nisso.

- Hora do nascimento?

- Já faz um tempinho, não tenho relógio.

- Foi na maternidade local?

- Não, lá em casa mesmo, chamei uma parteira conhecida minha.

- O nome completo dos avós?

- Não me lembro, sumi no mundo já faz um bom tempo.

- Testemunhas?

- Eu sei que não devia, que ainda não era hora, mas sou inocente!

- Nacionalidade da criança?

- Posso lhe falar ao pé do ouvido?

- Fique a vontade.

- Será que...?

- Não!!!

- Então, já que não tem jeito mesmo, põe aí: brasileiro.


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