Daniel Campos

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28/06/2011 - Reflexões sobre a felicidade

O problema da felicidade é que ela acaba quando começa a tomar corpo. Ela não se apresenta ao som de trombetas e termina quando o desenvolvimento começa a ficar interessante. É a fábula da irrealidade. Nós a buscamos pela vida afora, dia após dia, e quando a encontramos não sabemos bem o que fazer com ela, já que não existe da maneira que pensávamos. A felicidade não é palpável, prevista, manipulável. Ela é nuvem. Cada dia está com um formato, com uma textura, com uma cor, com um ritmo...

A felicidade é o moto contínuo e se assemelha à humanidade em seu processo de mudanças e evoluções. É uma instituição imperfeita, sujeita a falhas, por isso a sensação de que a felicidade não existe mesmo quando ela está em pleno curso. Na ânsia do querer sempre mais, endeusamos a felicidade e, assim a perdemos. Transformamos a felicidade em mito quando ela não passa de um ato comum, corriqueiro, permitido. Não é à toa que a nossa felicidade nunca tem final feliz.

Está certo de que a felicidade não é uma coisa longa. No entanto, ninguém é feliz somente uma vez na vida. A felicidade bate em nossa porta todo santo dia, mas como nossos olhos estão sempre esperando por outras coisas a ignoramos. Somos céticos à felicidade simplesmente porque acreditamos que ela é complicada e inacessível demais para vir nos procurar com a cara limpa e com os pés descalços. Por mais triste que seja, somos nós que destruímos o paraíso com nossas metáforas infernais.


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