Daniel Campos

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11/10/2012 - Recado para Joaquim

Negro, você chegou lá, mas será que os negros chegaram também? Negro, quando é que você vai falar de Zumbi? Negro, está na hora de quebrar os resquícios das correntes da escravidão. Negro, escuta os quilombos. Negro, o seu povo quer lhe abraçar. Negro, dê vazão à África que pulsa em você. Negro, além de piano e violino, que tal aflorar o som dos atabaques, dos agogôs, dos berimbaus...? Negro, tá mais do que na hora de falar a língua dos negros. Negro, para além do alemão, do francês, do inglês, do espanhol, os negros querem ver sua fluência em bantu e iorubá. Negro, esqueça as dores, e mostre à Justiça a ginga da sua capoeira.

Negro, tudo isso ainda está muito branco. Negro, vamos trocar Artêmis por Xangô? Negro, vamos trocar a toga por um alaká? Negro, solte o grito dos negros dos navios negreiros, dos troncos, dos grilhões. Negro, é preciso botar o racismo na cadeia. Negro, faça valer a alforria dos negros. Negro, tira a Justiça da Casa Grande e a leve para a Senzala. Negro, chama por Castro Alves e Joaquim Nabuco nas suas sentenças. Negro, escuta a voz dos terreiros. Negro, o negro brasileiro quer lhe vendo comendo feijoada e acarajé em rede nacional. Negro, mostre o seu axé. Negro, brancos e negros lhe aplaudem, mas os negros ainda esperam mais de você.


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