Daniel Campos

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02/05/2013 - Quinta de Miguel

Quinta-feira é dia de Miguel. Não me refiro ao arcanjo do combate, da guerra, que pisa na cabeça do diabo, mas de um arcanjo do riso, que possibilita por meio da arte uma convivência pacífica entre céu e inferno. Miguel é a tradução do humor. E não falo de um humor qualquer, mas daquele que além de nos fazer rir e gargalhar consegue nos colocar para refletir e chorar. Miguel é mistura de fino e refinado, de intensidade e profundidade, de voo e mergulho. Sim, Miguel voa pelos céus da imaginação e mergulha no que há de mais fundo em nossa alma.

Na pele de Russo, o dono de uma funerária falida localizada no subúrbio do Rio de Janeiro, Miguel transforma as noites de quinta-feira em seu palco. Um palco onde fantasia e vida real se casam gerando um mundo particular e coletivo, entre o que temos e o que sonhamos, entre o que podemos e o que realizamos. Miguel traz à tela da televisão a vida em suas esperanças e desesperanças, em suas ilusões e desilusões, em seus encontros e desencontros, em seus caminhos e descaminhos, em seus direitos e avessos, em suas paixões e solidões.

“Pé na Cova” é mais do que o nome do seriado, é o estado de espírito parcial ou permanente de muitos de nós. Miguel é uma espécie de fada, que materializa desejos, que adentra nossa consciência, que transforma tristeza em alegria e vice-versa. Com sua vara de condão, dá vida a Russo, Darlene, Abigail, Adenoide, Odete Roitaman, Alessanderson, Juscelino, Luz Divina, Marcão, Tamanco, Princess, Bá, as cachorras e outras personagens. Miguel é o arcanjo mais humano que há, uma espécie de anjo caído com a missão de andar pelas quintas-feiras recriando a criação.


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