Daniel Campos

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05/10/2013 - Quando chove

Quando chove, sementes de semeaduras passadas ainda brotam em mim. Quando chove, os pássaros trocam o silêncio por uma algazarra que ecoa por toda minha extensão. Quando chove, as braquiárias verdejam para alimentar arrobas e mais arrobas de sonhos que vivem em minhas invernadas. Quando chove, a cigarra que vibra dentro de meu coração se alvoroça ainda mais. Quando chove, abro os braços para a chuva, tiro a roupa na chuva, abro a boca em busca de chuva.

Quando chove, abro todas as minhas janelas para que a chuva alcance cada cantinho meu. Quando chove, ganho cor e sentido renovado. Quando chove, sinto os deuses mais perto de mim. Quando chove, sinto uma vontade incontrolável de bater um bolo de fubá com erva-doce de coar café. Quando chove, o vento me enche de perfumes. Quando chove, não há quem me faça fugir da chuva. Quando chove, o meu eu feito de barro se remodela, pois viro lama.


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