Daniel Campos

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23/02/2011 - Preste atenção

Preste atenção, não diga nem que sim nem que não, apenas ame. Ame sem pensar no minuto seguinte, no que ficou ou passou. Ame atemporalmente e achando-se ou não, perdidamente. Ame de forma ilusória subvertendo a ordem da própria memória. Ame de contração em contração, como que parindo um novo amor a cada gemido. Ame como as sombrinhas amam a chuva, com muita cor, exposição e dança. Ame sem se importar se o que vive é romantismo ou pieguismo.

Ame e chame por esse amor como a flor chama o fruto. Ame e, modéstia à parte, ame como a maior das amantes. Ame ponteando alegrias e martírios. Ame buscando completar a incompletude da vida. Ame privando-se de tudo o que não diga respeito a esse amor. Ame bebendo e comendo esse amor. Ame com todos os suspiros e ais que tiver direito. Ame entre babados e rendas, enrodilhando-se de redondilhas.

Ame num sentimento intraduzível. Ame literalmente, do alto de seus sapatos altos, filha legítima da última flor de Lácio. Ame atravessando mares nas vozes dos marinheiros e ame sendo arrastada pelas redes dos pescadores. Ame como heroína de uma epopéia ainda não escrita. Ame fazendo desse amor uma certidão de batismo. Ame numa mistura de sentimentos de perda, conquista e amor. Ame e que tudo o resto se dane.


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