Daniel Campos

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16/08/2013 - Povo Tupinambá

Quando olho, olhos nos olhos, nos seus olhos esverdeados, misturando nossos verdes, meu sangue caboclo fala mais forte, e vou para longe, como que levado para as matas fechadas de um Brasil antigo. Vou por entre riachos e cachoeiras, por entre árvores imensas e animais selvagens, por um território desconhecido dos meus dias e tão comum a minha memória ancestral. Vou por um tempo sagrado e jamais esquecido. Sinto-me forte, vivo e parte daquele mundo encantado. Sou pintado com as cores de sua tribo. Saúdo e sou saudado na sua língua. Piso aquele solo que guarda marcas da minha origem e o corpo dos meus antepassados.

Sinto a música da sua tribo, que também é minha, correndo por minhas lacunas. Tudo ganha sentido naquele reencontro. É como se eu fosse levado a participar de rituais e cerimônias, e festas. Sou tomado de luz e paz, embora tenha vontade de correr por aquelas matas e cachoeiras como bicho e rio. É como se suas flechas reluzentes me guiassem mesmo quando a mata fica mais densa. Sinto-me forte e amparado. Sinto o meu espírito livre. Sinto-me limpo de todos os males e forças negativas. Junto-me aqueles cavalos e sigo galopando por dimensões estelares. Ganho penas e cocares. E de contentamento choro as lágrimas verdes do meu povo Tupinambá.


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