Daniel Campos

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16/07/2015 - Pelas voltas do relógio

De manhã me beija colocando em minha boca a sorte do dia em sete sementes de romã. Às onze horas se enrosca em meu pescoço como medalha de bronze por eu já ter vencido parte do dia me dizendo vá em frente sem demora. Quando der meio dia e meia serpenteia pelo meu corpo fazendo-o nu num ócio criativo, apaziguando o rebu ativo, buscando pausas e dando-me asas. Ao chegar as quinze e dezoito chegue como uma bandeja repleta de pães, cafés, biscoitos e frutas adocicadas e antes que eu diga seu nome permita ser devorada com toda fome. Durante a tarde verá como arde o homem apaixonado, sem futuro e sem passado, que leva o presente por entre os dentes. Às dezessete badaladas tentarei fugir e me chamará de pivete e me trará de volta à porta como se fosse o seu moleque. As dezenove, mais mansa, como quem não de amar não cansa, dirá “I love”. As vinte, acidente-se porque a noite já é nascida. E a noite até a paixão do açoite é bem-vinda. As vinte e uma já faça pernoite em mim. Meia-noite espanta meus fantasmas, deixa minha vergonha pasma, ama-me sem fim e peça para nunca eu a fazer sozinha. Quando der duas da madrugada, sentindo-se plenamente amada, com autoridade de rainha, dirá que pelas voltas do relógio, do tempo cronológico ou psicológico, é toda minha.


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