Daniel Campos

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24/09/2014 - Pássaro voou

Depois de tantas investidas, de tantas partidas, de tantas doídas... O pássaro nasceu e voou para bem longe e se fartou de tempo. Pássaro esticou asas e foi dar no horizonte de lá de trás dos montes leve como nuvem e forte como couro de rinoceronte, tanto que venceu os trovões e os rincões do medo. Pássaro fez ninho de meia-estação e picou um novo verão, de ares incríveis e lugares aprazíveis. Pássaro seguiu trilhos, estribilhos, filhos de uma geração que seguia o sol. Depois de tantos problemas, de tantos dilemas, de tantos poemas... O pássaro nasceu e voou para bem distante de tudo o que ficou. Pássaro abandonou o que lhe abandonara. Pássaro cantou contra o silêncio que lhe tomara. Pássaro se libertou das gaiolas da ilusão que lhe fazia fraco, tolo e solidão. Pássaro encheu os pulmões de verdade e saiu ainda meio zonzo, mas disposto a mudar sua realidade. Pássaro abortou um amor que só lhe fazia pesado, que só lhe tirava o céu, que só lhe afastava da lua. Pássaro enjoou de cantar para quem não escuta e foi morrer longe dos olhos sem amor...


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