Daniel Campos

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06/03/2015 - Pássaro passa

Pássaro que é pássaro nunca deixa de voar. Nem a idade nem a tempestade nem a saudade fazem-no desistir de amar o céu. O pássaro nasceu para ficar suspenso entre a nuvem e o chão. O medo jamais é maior que o ímpeto pelo voo. O pássaro sabe que o verbo que o rege é o passar. O pássaro passa. É folha ao vento. É suspiro, jamais lamento. É onda no mar do esquecimento. O pássaro nunca sabe quando completa seu voo, por isso sempre precisa bater asas em busca do seu destino. E destino de pássaro é em pleno ar. É como um remetente à procura do destinatário. Pássaro não é peixe de aquário. Pássaro é o livre, o liberto, o libertário. Pássaro é breve, mas se atreve a ser infinito a cada voo. O pássaro é a envergadura do traço divino. O pássaro é a abotoadura do tempo, é o dobrar do sino, é o espanto do menino. Pássaro é o traço do criador em movimento. Pássaro é o braço da saudade acenando para a manhã de ontem ao encontro do amanhã.


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