Daniel Campos

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09/12/2010 - Para isso, aquilo

Para uma estrada sem fim, pés por asas de querubim. Para um amor se limite, homens e mulheres também sem limite. Para uma fruta madura, água na boca. Para uma realidade tediosa, uma noite louca. Para um vento solteiro, uma ventania. Para um sabor esquecido, uma lembrança. Para a falta de esperança, uma criança. Para um vestido, um nu. Para um girassol, um sol a girar. Para uma lua, um balão que flutua.

Para lábios ausentes, o conselho dos sábios. Para um carnaval fora de época, uma atitude sapeca. Para um edifício, um precipício. Para um naufrágio, um sufrágio. Para um sentimento que não se estanca, a eternidade. Para uma reza, a cura. Para um quadro de amor, um fado. Para uma prateleira de livros, olhos. Para um barzinho e um violão, o espanto da solidão.

Para um pé de moleque, um pé de menina. Para uma boca vazia, um chiclete. Para uma poesia em crise, uma mulher nascida para ser mulher. Para uma dúvida, pétalas de bem e mal-me-quer. Para um coração ferido, um rugido de leão. Para uma desfeita, uma saída perfeita. Para um devaneio, um volteio. Para um seio, um campo de centeio. Para um final feliz, um plebeu e uma imperatriz.


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