Daniel Campos

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29/05/2010 - Para além dos pãezinhos

O tempo passa e tudo se atualiza. A onda de modernidade atingiu as padarias. Além do design fashion das fachadas, prateleiras modernas para pães e vitrines requintadas para frios e doces. Paredes com textura, mesas agradáveis e decoração com tons de atualidade invadiram o lugar. Há pão de tudo quanto é jeito e café mais incrementado. Além de outras opções no cardápio dignas de um bistrô, como sanduíches e pratos mais elaborados.

Encaro com certa nostalgia essa mudança das padarias. Lembro do meu tempo de criança em que os pães bengala (os franceses chegaram depois) eram oferecidos aos clientes numa espécie de cesto de palha. Os pães - perdoem-me os incrédulos - tinham outro gosto. Hoje, os pães não resistiram ao feito artesanal rendendo-se à lucratividade do processo industrial. Hoje as máquinas substituem a mão do artista, no caso, do padeiro.

A verdade é que as padarias já não são mais as mesmas. Diante dessas butiques de pães e afins, tenho saudade do tempo em que, antes das seis da manhã, o pão era servido por uma janelinha direto das mãos do padeiro. Hoje o que existe nos bastidores dessas padarias-bistrôs são chefes com doutorado em escolas gastronômicas européias. Chefes que desconhecem os ritos e a magia cabocla que há por trás do feitio de um simples pãozinho de sal.


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