Daniel Campos

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26/10/2009 - Os mantenedores da guerra

Um tiro não faz a guerra, mas mata uma dúzia de sonhos de um sonhador. Uma arma de fogo não faz a guerra, precisa de mãos para segurá-la, com gana e destreza, como um punhal. Uma bala de revolver sem segundas intenções é tão inofensiva quão uma bala de hortelã. Até mesmo para ser expulso do paraíso alguém teve que empunhar uma maçã. As armas são a extensão do corpo do próprio homem. É seu desejo interior que mira, que atira e tira a vida alheia. É ele quem tece e cai na própria teia.

Quem é que está empunhando essas armas? Qual a razão desse carma de matar e se matar? Que exército é esse que se levanta? De onde vem essa força tanta? De onde vem essa mão que se agiganta no gatilho? Mãos de pai, mãe e filho? Que exército é esse que não tem nome? Mata, some e remata... Pra onde vai essa violência que maltrata a gente? Será que dá cria ou nasce de semente? Será que é natural ou um acidente genético, cultural, trans-espacial?

Eu não sei quem são os mantenedores da guerra nem pra onde vão, só sei que existem e insistem em estar perto, tão perto de nós. O medo não nos deixa a sós. O inimigo caminha em linha de frente. E a morte, em suas mãos, é de repente. Embora haja um universo de estereótipos e generalizações, esse exército não tem identidade, cidade ou civilidade. A única certeza é de que ele marcha movido por uma humanidade que se perdeu da realidade.


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