Daniel Campos

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17/09/2015 - Os estouros de Zé Piruá

Zé Piruá é bem moço ainda nos olhos que se encantam com as explosões do milho em pipoca mesmo depois de tantos anos vendo essa transformação dia atrás de dia bem na sua frente. Mesmo com os cabelos branquejados e com os pés tendo perdido a conta de quantos passos já foram dados empurrando aquele carrinho de pipoca pelas ruas do relento, ele faz festa a cada nova estourada. Chega que sua alma dança dentro do corpo de tanta alegria. E quando chega uma criança, seja de que idade for, ele enche aquele saquinho de papel como se enchesse um céu de estrelas. O choro vira sorriso. A birra vira agrado. A fome vira paz. O desejo vira prazer. Zé Piruá, pipoqueiro por vocação, profundo entendedor da natureza da pipoca, sempre diz que o estouro é de dentro pra fora. E assim, pipoqueando pelo mundo, com a sabedoria dos simples, vai empurrando seu carrinho dividido entre pipoca de sal e colorida, para onde lhe manda o vento. E como um homem que se dedica aos estouros tem um apelido encruado, sinônimo daquilo que não deu certo – piruá? Quando alguém lhe pergunta sobre isso a resposta é certeira. Os olhos sorriem e ele diz que é porque assim ele se alembra de que é preciso continuar estourando; Estourando mais e melhor do que estourou até agora.


Comentários

19/09/2015, por Érika Souto:

encantador


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