Daniel Campos

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30/04/2010 - Os chás e a mulher amada

Assim como um bom chá, a mulher amada tem um dado amargor em seus pensamentos e atitudes. Mas tem também doçura e adstringência de sobra. Dependendo de tempo e espaço, ou seja, do momento, esses sabores estarão ou não equilibrados na composição química, física e transcendental da mulher amada. Porém, o resultado depende da preparação, ou seja, da fase de conquista ou das preliminares, como quiser. Por isso há pelo menos dez tipos de mulher habitando a mulher amada.

Há dias em que ela surge com sabor suave e a fragrância de folhas frescas e jovens. Em outros, é seca. Em outros ainda, sintética e rápida como um sache. E pode surgir também ausente de sabor, apenas envolta de um buquê fantástico de aromas. Sem dúvida alguma a mulher da primeira colheita, colhida na primavera, é a mais cobiçada. No entanto, para além das flores, a mulher de inverno tem sabor mais intenso e encorpado. Isso sem contar que ela pode vir fria ou quente, ainda em ebulição, aos seus olhos e boca.

O importante é saber degustar cada uma dessas mulheres que compõem a mulher amada. Há toda uma cerimônia, repleta de ritos, por trás dessa relação. Mirando os ingleses, é preciso fazer do chá das cinco um momento único e mágico do dia. Como todo chá, a criatura a qual dedica seu amor é delicada e merece ser guardada com todo zelo e vivida intensamente. Só não vale se perder nesse universo. Afinal, não existe nada mais inconfundível que o sabor e o perfume da mulher amada.


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