Daniel Campos

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28/11/2011 - Os ares de Ayres Britto

Ares verbis, ares movimentu, ares juris et de jure. Ar, Ares, Ayres Britto. Ar manso e revolucionário, vento, ventania, vendaval de ideias e ideais, de versos métricos e livres, de quadras e sonetos, de abstrações e anotações. O gabinete do jurista-poeta ora é biblioteca viva ora sala de recepção onde leis, capítulos, versículos, artigos, personagens reais e fictícios bailam pelos ares de Ayres. A fala envolvente no contexto dos gestos desenhando textos no ar e nos ares de Ayres Britto.

Se quando Carlos Drumonnd nasceu foi procurado por um anjo torto, Carlos Ayres recebeu a visita de um anjo direito, ou melhor, de um anjo do Direito. E como ele mesmo diz o direito é maior que a lei. Ayres poeta, Ayres jurista, Ayres equilibrista do certo e do errado, Ayres passista do transitado e julgado, Ayres artista moderno, que cultiva um coração alado por debaixo do terno. Ares de provas e contraprovas, de semiprovas e sobreprovas, e, acima de tudo, Ayres de trovas.

Ares de mestre, ares de doutor, Ayres Augusto, como Auguste Comte, construtor de uma sociologia cipreste, que mesmo coberta de raízes consegue voar. Augusto, capaz de fazer de seu ofício algo sagrado e de cada voto um tratado literário, tirando flores de um campo frio e burocrático. Ar enfático, ares de 18 de novembro, dia de Ardvi Sura, deusa persa das estrelas. Ares estelares, ares de Antares, ares dos mares de São Salvador, dos andares da Justiça, dos lugares e das premissas. Ayres, ares de aço e de cortiça.

Ayres de frases proféticas, de sentenças poéticas, de reflexões fonéticas, de paixões ecléticas. Ares que calam tribunais. Ares que bailam canetas. Ares que reviram páginas constitucionais. Ares que passam solenes. Ayres, pássaro de toga. Ares que fazem o interior encontrar a capital. Ares do juízo. Ar sério, ares de riso. Ares de receptividade. Ares de amizade. Ayres cidade de letras jurídicas. Ares benquistos. Ayres ministro. Ares escritos. Ares ditos. Ares eruditos. Ayres Britto.

Ora tem ares de axés sergipanos, ora tem ares dramáticos em feitio de tango de Buenos Aires, Ayres Britto. Ayres, filho do príncipe que reina na alegria profunda que inunda as telas de Romero Britto. Mistura de nacionalidades. Ayres universal. Polens, sentimentos, lembranças e momentos nos ares de Ayres. Ayres de Freitas, quantas suas feitas, suas colheitas, suas eleitas? Ayres não é de Áries, mas de escorpião e, como tal, age conforme a natureza que emana. Uma natureza humana e poética à moda Quintana.


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