Daniel Campos

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04/09/2010 - Olhos de brisa

Seus olhos são cursos d’água. Sentimentos e palavras correntes pelos contornos urbanos do seu eu. Olhos de rios. Olhos de lagos. Olhos oceânicos. Olhos submersos, escondidos a mil léguas submarinas. Olhos ilhados, boiando nos meus. Olhos doces, néctar das gaivotas. Olhos de sal, saudade da cidade lateral. Como é bom sentir seus olhos respingando nos meus. Quantas braçadas são necessárias para cruzar seus olhos? Como eu faço para levar meu barco ao seu porto? Será que basta fechar os olhos e esperar seus ventos me soprarem seus segredos?

Eu me perco e me confundo e me inundo nos seus olhos de perspectivas. Diferentes olhares, um para cada mulher. E eu sou pescador dos seus mares, timoneiro das suas ilusões. Para além das suas pontes, ilhas e fontes, eu me jogo aos corais vermelhos de seus verões. Olhos estreitos de canais. Olhos altos de mar aberto. Olhos que escondem uma paisagem além da paisagem. Miragem do cais. Mulher ou sereia, eu não sei, só sei que seu olhar se desfaz em ondas de areia. Olha-me! Clareia.

Velas e jangadas às águas, aos cursos das águas que nascem e morrem em seus olhos. Olhos de estrelas gregas que guiam e enganam, e que levam e trazem os olhares náufragos que atiro aos seus olhos de retiro. Amores de chuva, choros de uma tarde viúva, boca ruiva, lua que uiva... cores, cheiros, texturas e sons se misturando pela orla de seus olhos numa visão paradisíaca, numa canção afrodisíaca. Sentimentos e palavras... Seus olhos são cursos d’água...


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