Daniel Campos

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16/03/2013 - Observador

Longe, ele observa a vida que passa. Mantém os olhos abertos e os sentidos acesos, atento a todos os detalhes. Porém, não se aproxima muito. Gosta de ter os olhos pertos, mas distantes ao mesmo tempo. Diz ele que é para não influenciar no desenrolar das coisas. Acontecimento algum passa despercebido por ele, que é uma espécie de espectador de tudo e de todos. Em pé, sentado ou deitado, dá seu jeito de tomar conhecimento dos fluxos e refluxos da cidade.

Conhece o horário do vento. Sabe com que roupa a mulher da casa amarela vai sair para um determinado compromisso. Sente a léguas de distância o cheiro da chuva. Advinha facilmente os pensamentos da menina que caminha na outra calçada. Tem familiaridade com os perfumes que flutuam pelas redondezas. Enxerga, com nitidez, o que se passa por detrás de muros e paredes. Não dá palpite, não conversa, não provoca, apenas fica em seu canto como parte da paisagem.

Sabe nome, apelido e destino de cada um dos pássaros que passarolam por aquelas bandas, mas jamais os chama. Não compra jornais ou revistas, as informações que necessita saber estão todas no ar. Sabe das loucuras do homem que segue sozinho. Acompanha cada tropeço do bêbado que segue em ziguezague. Não pede nada, apenas aceita o que lhe é ofertado como sombras, estrelas, bom dias. E quando não notam sua presença aí é que ele se dá por satisfeito.


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