Daniel Campos

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03/05/2016 - O último amor

O último amor é sempre o primeiro amor, pois ainda é o primeiro em suas prioridades. Primeiro em saudade. Primeiro em antirealidade. Primeiro em calamidade. O último amor impregna como um perfume cuja fixação extrapola qualquer limite ou imaginação. É fruta madura que teima em não cair do pé. É a catarse da fé. É jardim que mesmo no inverno profundo flori, floreia, floresce zombando do mundo. O último amor nos prega peças. Por isso, não me peça para ser meu último amor, pois é doação mais que completa, é vontade de morrer vivendo por completo, é o ligamento entre o chão e o teto, é a série de tentativas de contornar o despedaçamento. A separação que o dista do último amor é contada em um tempo que rompe com o cronológico e o psicológico. É um tempo de manicômio, indo pra frente e pra trás, fugindo de regras e padrões, é o tempo secreto dos corações. O último amor é sempre o primeiro a doer, a dar esperança, a atiçar o choro, a te transformar numa criança no que diz respeito à necessidade de colo e inocência. Nada me faz ceder mais do que o último amor, que consegue de mim tudo o que quer. O último amor, no meu caso, que foge de todos os acasos, é sempre a minha mulher.


Comentários

06/05/2016, por Luisa Mendes:

Triste, triste, triste, triste, triste, mas muito lindo.


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