Daniel Campos

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03/04/2010 - O Judas da descrença

Que a descrença apanhe como Judas neste sábado de aleluia. Ao contrário de fazer bonecos do traidor de Jesus em referência a políticos, a bandidos, a personagens que caíram no desgosto popular nos últimos tempos, peço que apedrejem hoje o Judas da descrença. Meu Deus, como podemos ter chego a um estado tão deplorável de descrença? A maioria não acredita mais em nada. A fé é cumprida apenas como uma obrigação, não mais vivida por inteiro. Não é à toa que a humanidade caminha com tantas perguntas sem resposta.

Além do cerne da religião, homens e mulheres estão cada vez mais distante da crença no amor, nos sonhos, nas lutas do dia a dia. É imenso o exército que, cabisbaixo, marcha desacreditado pelas ruas da cidade. Falta ânimo, falta paixão, falta fé. Os antigos eram fortes não só de corpo, mas de espírito e coração. Eles acreditavam no impossível, no que não viam, no que nem mesmo a ciência era capaz de comprovar. E, de certo modo, eram mais felizes.

São poucos os sonhadores. São poucos os que se entregam plenamente ao amor e aos seus afluentes. São poucos os que se dispõem a conhecer os mistérios do universo. Grande parte da população opta, como dizia minha avó, em empurrar a vida com a barriga. E é por isso que vivemos em um mundo chato, sem profundidade. Homens e mulheres se dão por satisfeito com o mínimo do mínimo quando a chave da paixão é buscar mais, sempre mais.

Se Jesus voltasse hoje, com certeza, seria difícil arrumar 12 discípulos. E, repetindo a história, seria novamente morto pela descrença humana. Por essas e outras é que peço para que o grande Judas de hoje seja a nossa pobre e velha descrença.


Comentários

03/04/2010, por Romário Henrique:

O que falar? Tuas palavras se unem como fogo que queima e purifica a alma. Tempo, muito tempo que não sinto essa energia. Aqui descobri tanta coisa boa.. tantas possibilidades, olhares, estima. Confortavelmente compreendido. Parabéns pelo teu trabalho. Fiquei altamente sensibilizado pelo o que descubro aqui.


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