Daniel Campos

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02/03/2011 - O homem pó agora é cinzas

Estamos a uma semana de tudo virar cinzas. Deus disse que o homem retornaria ao pó, mas em virtude dos pecados ou de algum outro desvio, tem retornado à cinza. O homem feito de terra dá lugar ao homem feito de brasa. O homem que acende como uma pira e queima sua existência de forma intensa e rápida. O homem queima sorrisos e esperanças, prantos e bonança. Queima uma vida cheia de destinos e caminhos num simples riscar de fósforo.

São homens e mulheres ardendo de amor ou de dor, numa rima tão barata quão quente. São criaturas possuídas pelo fogo do querer mais, do saber mais, do ter mais. E esse incêndio é contagiante como fogo em um palheiro. Uma multidão queimando por dentro suas angústias e expectativas. Queimando a inquietude de existir. Queimando sob o sol de verão e sob os pensamentos de plantão. Queimando sangue, carne e coração.

O fogo é constante e permanente. Fogo do espírito santo ou fogo do desejo, seja lá o que for, a humanidade queima. Queima as graças ou ao descontentamento divino. Queima pontes e sonhos. Queima como pirilampos, como velas, como Nero. Queima de ódio e de folia, queima de forma bruta e em completa poesia. Homens e mulheres queimam como dois seres em ebulição, como faíscas de uma nova e inflamável civilização.


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