Daniel Campos

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07/08/2013 - Nós estamos aqui

Depois de tantas idas e vindas nós estamos aqui, neste mesmo local, em cada rosto, em cada nó de gravata ou de garganta, em cada guardado, cheirando a mofo ou não. Nós estamos aqui, vivos, mais que vivos, sobre-vivos como sobreviventes. Estamos aqui outra vez, mais uma vez, de vez. Estamos aqui com tudo o que deus nos deus e nos tirou ao longo dos anos. Aqui, estamos nós, de cara limpa e de alma suja ou vice-versa, conforme quiser. Estamos aqui como homem, como mulher, como bicho, como alma, como indivíduo, como descendente, como caça, como caçador, como abstração, como futuro do passado, como vida, como coletivo, como aprendiz, como espírito, como tentativa, como nação, como coração, como ser ou não ser.

Depois de tantas idas e vindas nós estamos aqui, puxando o barco, empurrando com barriga, fazendo a revolução que nos ensinaram na escola. Estamos aqui pensando com o umbigo, comendo com os olhos, cantando o amor das novelas. Aqui e só aqui estamos mesmo estando de um jeito ou de outro em todo lugar. Estamos aqui com pés, com mãos, com retratos, com sentidos e com vísceras em carne viva, expostos e a postos para o que preciso for. Aqui estamos nós embolados um no outro e outro no um, como um exército de enamorados que se beijam e se esfaqueiam e tornam a se beijar e a se esfaquear num moto contínuo. Estamos aqui para tirar a beleza disso tudo.

Depois de tantas idas e vindas nós estamos aqui, confiantes que tudo vai dar certo mais dia menos dia. Nós estamos aqui como andarilhos, como andantes, como caminhantes, como corredores, como movimentos de um mundo em movimento. Estamos aqui pela mão e pela contramão também. Aqui estamos nós como parte de um plano divino que nem sempre sai como o criador planejou. Aqui, exatamente aqui, é o nosso ponto Y, W, G, enfim, o nosso ponto de partida, de chegada, de prazer, de estada. Aqui, feliz ou infelizmente aqui, é que é o nosso palco. Nós estamos aqui, podem abrir as cortinas, e que venham as vaias e os aplausos; o silêncio, a crítica e o encanto.


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