Daniel Campos

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17/11/2014 - Ninguém cala Seu Tupinambá

Seu Tupinambá não fala, brada. Seu Tupinambá é ouvido em toda estrada. Seu Tupinambá é de um coração ensurdecedor. Seu Tupinambá se expande por todo templo. Seu Tupinambá é a voz da razão do além-tempo. Seu Tupinambá é atroador. Seu Tupinambá chega de uma vez e não fica de ronda. Seu Tupinambá estronda. Seu Tupinambá é explosão. Seu Tupinambá é trovão. Seu Tupinambá não é de um povo silencioso. Seu Tupinambá é estrepitoso. Seu Tupinambá é troante. Seu Tupinambá é de uma voz destoante. Seu Tupinambá é retumbante. Seu Tupinambá é o grito da mata. Seu Tupinambá é som que não se mata. Seu Tupinambá é o canto fragoroso. Seu Tupinambá é estrondoso.

Ninguém cala esse caboclo, cujo eco ecoa por dentro do oco do oco do oco do mundo mais profundo que há por tudo quanto é lugar. Ninguém cala esse caboclo que não tem paga nem troco. Ninguém cala esse caboclo cuja voz encorpada, roncada, trovejada é um luzido soco na escuridão. Ninguém cala esse caboclo, nem o mais forte nem o mais poderoso nem o mais louco dos homens. Ninguém cala esse caboclo que das coisas ruins faz massaroco. Ninguém cala esse caboclo que nunca é pouco. Ninguém cala esse caboclo que é firme igual reboco. Ninguém cala esse caboclo e quem tenta paga com o próprio derroco. Ninguém cala esse caboclo cuja voz é o encontro do selvagem com o barroco. Ninguém cala esse caboclo que canta alto que brada rouco e habita o meu oco.

Ninguém cala Caboclo Tupinambá que tem em meu peito o seu Aledá.


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