Daniel Campos

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20/04/2013 - Não, não sou

Não me aponte, pois não sou lápis. Não me amole, pois não sou faca. Não me passe, pois não sou roupa. Não me toque, pois não sou cachorro. Não me jogue, pois não sou lixo. Não me renda, pois não sou bandido. Não me ligue, pois não funciono. Não me peça, pois não sou santo. Não me prenda, pois não sou escravo. Não me quebre, pois não sou consertável. Não me cace, pois não sou caça. Não me salgue, pois não sou carne. Não me acenda, pois não sou vela. Não me roa, pois não sou osso. Não me apague, pois não sou rascunho. Não me julgue, pois não sou réu. Não me acerte, pois não sou alvo. Não me mate, pois não sou um bom defunto.

Não me sove, pois não sou pão. Não me plante, pois não sou de vingar. Não me assalte, pois não sou banco. Não me tome, pois não sou bebida. Não me engula, pois não sou sapo. Não me sele, pois não sou cavalo. Não me atrase, pois não sou relógio. Não me explique, pois não sou aluno. Não me perdoe, pois não sou pecado. Não me corte, pois não sou tempero. Não me atice, pois não sou fogueira. Não me salive, pois não sou de comer. Não me siga, pois não sou pista. Não me carregue, pois não sou fardo. Não me solte, pois não sou pipa. Não me parta, porque não sou de adeus. Não me queira, pois não sou querido. Não me olhe, pois não estou à venda.


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