Daniel Campos

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15/03/2015 - Não, não e não

Não larga de mão o que nos une. Não deixa de lado o nosso futuro por conta do passado. Não abandona as esperanças que ainda resistem ao tempo. Não aparte de mim os sonhos que são nossos. Não apeie da minha música. Não troque minhas imperfeições por suas aspirações. Não desista do que ainda podemos mudar. Não esvazie meu corpo de minha alma. Não deseje a outra margem antes de desejar uma ponte. Não jogue fora tudo o que coloquei dentro de você. Não apague uma linha sequer do que escrevemos juntos. Não faça nada se não tem certeza. Não corte se não poderá emendar. Não provoque se não for capaz de mais dia menos dia saciar essa provocação. Não rasgue palavras que talvez nunca mais se juntem. Não desperdice o que pode não voltar. Não desfaça do que será útil. Não semeie solidão para não colher o vazio. Não apague estrelas porque um dia o medo do escuro pode voltar. Não minta nem desminta apenas siga com uma verdade que nem é sua nem minha nem de ninguém. Não se traía nem debaixo de muita tortura. Não me venha com ingratidão, tampouco com falta de perdão. Não saía de cena, pois atrás de um poema sempre vem outro poema. Não pare, pois o verbo parar nega o movimento que é a vida. Não sepulte agora o que pode estar vivo, ou ainda mais vivo, amanhã.


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