Daniel Campos

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07/03/2016 - Mulher sem saída

Quando me deito no seu ventre e escuto o som que corre pelos labirintos íntimos de mulher sem saída vou ao deleito. A vida e a morte a açoitam e nossas esperanças se amoitam. Você geme de pesar e de prazer. Suas contrações indicam um absoluto querer, pulsante e indomável. Mulher sonhadora e palpável. Escandaliza os meus ouvidos. Passa ao meu coração os seus tremidos. É trem sem trilho, mãe sem filho, canção sem estribilho. Deito em ti como quem deita com as esquinas, com os encontros inesperados, com os poetas do passado. É dona de um romantismo perdido, inviolado, incorruptível. Casta do fantástico, o desejo como um elástico da alma é tensionado ao impossível. E eu ouço as batidas, a lida dos seus fantasmas, os seus cataclismos e empirismos, num um som abafado e angustiado como que peito com asma. Eu ouça as badaladas, suas jornadas pelas invernadas do tempo, escuto o vento nascente e de luto de colocando sobre a cama enquanto diz que me ama. E eu te devoro, infiltro-me em seus poros, misturo nossas raças e no acalanto você acha graça. Constante e esparsa, desespero que não passa. Mulher destemida, livre e sem saída temo te perder antes de entregar minha vida.


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