Daniel Campos

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21/03/2012 - Morando no espaço

Moro na noite. Meu jardim é feito de flores de escuridão. Guardo meus sonhos nas fendas da lua. Respiro galáxias e faço compras em Júpiter. Namoro em Vênus me enroscando nos anéis de Saturno. Tropeço em vários objetos astronômicos. Brinco com forças gravitacionais e giro em torno de um centro de massa comum. Sou vizinho de Andrômeda. Viajo a anos-luz cavalgando em cometas. Pulo asteroides e me deito com estrelas cadentes. São milhões, bilhões, trilhões de estrelas. Cada qual com um desenho e um brilho diferentes.

Não obedeço a leis, nem mesmo à lei da gravidade. Conto naves espaciais como quem conta carneirinhos para dormir. Minha poesia é feita por meio de códigos alfanuméricos. Converso com os signos. Conheço piratas estelares que saqueiam o universo. Faço amor com corpos celestes. Ardo nos caminhos do sol. Ouço os ecos do tempo navegando pelo oceano do firmamento afora. Ouço explosões, mas não há guerra lá fora. Só há o nada se transformando em tudo na voz de Deus, traduzida no constante dos partos da criação.


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