Daniel Campos

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02/04/2012 - Moradias

Quero morar no coração de uma mulher. Quero morar no piano de Tom Jobim. Quero morar no vai-e-vem do mar. Quero morar no frescor da manhã. Quero morar na cama da lua. Quero morar nos pés da santa. Quero morar na barriga de uma parideira. Quero morar no gume da faca. Quero morar num olhar apaixonado. Quero morar na batida de João Gilberto. Quero morar num suspiro sem hora para acabar.

Quero morar numa tela impressionista. Quero morar no mensageiro dos ventos. Quero morar na civilização proibida, perdida, esquecida. Quero morar num quintal de fruta madura. Quero morar num de repente. Quero mora num copo de Vinicius de Moraes. Quero morar num frasco de saudade. Quero morar na cabeça de Chico Buarque. Quero morar na clandestinidade. Quero morar no “ou não” de Caetano.

Quero morar musicalmente falando. Quero morar na capoeira de Baden Powel. Quero morar no apartamento de Nara Leão. Quero morar no sonho da bossa nova. Quero morar num banquinho em Ipanema. Quero morar no barquinho de Menescal. Quero morar num catavento e num girassol como Leila Pinheiro. Quero morar na rosa amarela de Miucha. Quero morar entre os versos de “eu sei que vou te amar”.


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