Daniel Campos

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07/07/2012 - Moda de sabiá

Lá no alto da serra tem um pé de sábia, toda vez que sábia assovia a terra faz se arrepiar. O sábia é pássaro arteiro, vai lá vem cá brincando entre as cordas do violeiro. Sábia, pássaro festeiro, de dia canta pro anjo-deus e a noite, pro anjo-feiticeiro. Sabiá é ave que volta mesmo depois do adeus. Sabiá é ave campeira, que mesmo na cidade não canta por dinheiro nem recebe esmola. Sabiá é pássaro solto, que só vive fora da gaiola.

O dono do sabiá é o próprio sabiá, que quando namora se borra de amora e nem cora, mas não quer saber de casar. Sabiá canta pra moça da janela do arranha-céu como um dia já cantou pra donzela da masmorra de papel. Sabiá é pássaro risonho, seu pio mais parece saído de um sonho. Sabiá é pássaro sertanejo cujo canto gruda igual percevejo. Sabiá é pássaro alegre, que floresce no sertão como flor-de-são-joão.


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