Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
05/03/2010 - Matar ou morrer por uma janela

Você seria capaz de matar alguém que recusasse fechar uma janela? Pense. Você está em um ônibus, estressado por um motivo que diz respeito somente a você, e o cara da janela se nega a interromper o vento frio que entra no ônibus. Ele pode estar com calor, é um direito dele. Mas e você? Quem se importa com sua sensação térmica? Você pode pegar um resfriado, uma gripe, uma pneumonia... Porém, isso não muda em nada a vida do cara que controla a janela.

Você se sente humilhado, ridicularizado, roubado em seu direito democrático de decidir se a janela continua aberta ou fechada. Dentre aqueles sorrisos de deboche, a coletividade é só uma utopia, um resto de fantasia. Dane-se então o que os outros pensam sobre isso, o que vale é a sua opinião. Ele não sabe que você teve um dia ruim, que já matou outras pessoas, que só estava em busca de um pouco de calor humano. Ele não desconfia que você seja capaz de ir tão longe por conta de uma simples janela...

Você não sabe sequer o nome do cara, mas, a essa altura, já acha que ele é seu subalterno. Que ele tem obrigação de atender ao seu pedido. Que ele boicota sua suposta felicidade. Que ele não passa de um obstáculo em seu caminho. E sempre lhe disseram, tanto na escola, quanto nas ruas, quanto na igreja, que é preciso superar os obstáculos. E é isso que ele deve fazer: superá-lo nem que para isso precisasse deixar a janela um pouco mais aberta para o crime entrar.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar