Daniel Campos

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06/04/2013 - Matadeira

Mata, mata a minha fome com seu açúcar. Mata, mata o que me consome se fazendo de maluca. Mata, mata a minha fobia sem remédios. Mata, mata o meu borrão de tédio. Mata, mata a minha fantasia de carnaval. Mata, mata o meu sobrenome ancestral. Mata, mata o meu arvoredo com seus tratores. Mata, mata o meu medo de invasores. Mata, mata o meu verde com seu excesso de cor. Mata, mata a minha lembrança sem eu lhe propor. Mata, mata a minha sede de cachaça. Mata, mata o meu eu criança no meio da praça.

Mata, mata a minha reputação de ouro. Mata, mata os meus planos de caça ao tesouro. Mata a minha imaginação da roça. Mata, mata os meus vinte anos de bossa. Mata, mata a minha procura pelo sim, pelo não. Mata, mata o meu piano coração. Mata, mata a minha loucura mais louca. Mata, mata o meu sorriso na sua boca. Mata, mata o meu paisagismo com seu concreto. Mata, mata o meu animal de estimação sob seu teto. Mata, mata o meu egoísmo na sua banheira. Mata, mata o meu egoísmo numa sonhadeira.


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