Daniel Campos

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20/05/2008 - Lugar comum

Nada de novo. Tudo no mesmo lugar. As ruas vão e vem. Os pássaros vão e vem. Os felizes vão os tristes vem. A vida vai e vem feito um bumerangue na mão de um menino. E olha a gente ai, no mesmo do mesmo do mesmo lugar. E olha a gente ai, a ir e a voltar como ondas de um mar imenso e propenso a marear. O dia de amanhã é igual ao que é hoje que é igual ao que foi ontem. A rotina nos tritura com seus dentes afiados e mastiga nossos sonhos, nossos planos, nossos projetos como chiclete barato.

O que será o fim disso? Se é que isso já não é o próprio fim. A vida passa em tons pastéis e naquela banca há sempre o mesmo pastel de queijo, frio e murcho, como nossa existência. Ah! Para onde foram as rosas que nos falavam seus romances. Será que emudeceram de uma vez por todas ou foram soterradas junto com a primavera que nunca mais voltou. Tudo é tão comum. Tudo é lugar nenhum. Os crimes são iguais, os terremotos já são normais, os absurdos já são banais e tudo é o mesmo do mesmo do mesmo.

Ah! É preciso que haja uma chuva de cometas. É preciso que os marcianos façam contato. É preciso que os cavalos marinhos cavalguem pela rua. É preciso que os gatos tenham botas. É preciso que os porcos construam casas de palha, de madeira e de tijolos. É preciso que João suba no pé de feijão. É preciso que as flores brilhem no escuro. É preciso que o sentimento seja sobre-humano sempre e em todo lugar. É preciso que a magia volte a estar no ar para acabar com esse mesmo do mesmo do mesmo. Com esse mesmo do mesmo do mesmo. Com esse mesmo do mesmo do mesmo lugar.


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