Daniel Campos

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25/01/2012 - Lua uivante

A lua uiva no céu deixando claro seu parto permanente de estrelas. A lua quase nunca relaxa ou dorme, está sempre acesa e desperta. Alimenta-se dos flertes dos enamorados que a adoram. A lua é o aconchego de tantos sonhos. Ela se queima ao sol e se molha numa chuva de meteoros só para brilhar por nós. É um caso de paixão explícita. Mesmo quando nova, traz consigo o peso das coisas. A lua desta noite já foi muitas outras luas. A nossa lua já foi de muitos.

A lua uiva lá fora agitando as marés, as barrigas, as sementes, os ventos, os pensamentos. A lua mexendo com vivos e com mortos, com este e outros tempos. A lua e seu obscuro prazer de ficar acordada quando todos dormem. A lua imersa na escuridão e no silêncio dos astros. Por minutos chega a ser absoluta. A lua tão rica de emoções e de fatos é um romance a céu aberto. Quantos mistérios sem resposta caminham em sua atmosfera?

A lua uiva sendo concomitantemente a fonte do grave e do agudo da noite. Corpo de cobiça e de desejo, a lua é do tamanho do mundo abstrato que muitos desejam para si. A lua e suas duas faces, clara e obscura como as criaturas humanas. A lua que atrai nos fazendo ignorar as leis da gravidade. A lua e suas distâncias imaginárias e suas voltas infindáveis e sua poesia tênue. A lua das memórias queima como se fosse a lamparina da saudade.


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