Daniel Campos

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11/02/2012 - Lua em cena

Quando a noite entra em cena, a Lua encena o seu drama particular. No palco da escuridão, ela é o próprio holofote, aquele que aponta para si mesma, fazendo-a soberana em seu monólogo lírico, em seu dueto onírico com as estrelas, cometas e humanos apaixonados, que a aplaudem e a cultuam como uma espécie de divindade teatral.

Sacra e obscena, a lua encena um infinito de mulheres. Ela é a mulher misteriosa perigosa que habita a lua minguante. Ela é a mulher de personalidade forte, plena de autoridade, existente na lua cheia. Ela é mulher repleta de esperança, de desejo de mudança, que arde na lua nova. Ela é mulher que cresce a cada desafio natural da lua crescente.

Em cena, é uma lua pequena que se faz gigante diante de público e crítica. É a lua cíclica, que começa e recomeça sem nunca terminar seu espetáculo. É a lua autora, a lua escritora, a lua musa, a lua diretora, a lua que usa e abusa de seu talento. É a lua atriz, que se auto-interpreta, com toda licença poética que lhe é de direito.

É a lua atriz, que ora é imperatriz ora é meretriz ora é um chafariz ora é aprendiz ora é miss ora é (in)feliz ora é por um triz... É a lua atriz, que finge ser tudo e ser todos sendo ela mesma. É a lua atriz, que finge vir e nunca vem, que finge partir e nunca parte. É a lua atriz, que finge e como esfinge do deserto devora aqueles que não decifram sua arte.


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