Daniel Campos

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24/10/2013 - Lua e lua

Ela conversa com a lua como se conversasse com alguém de carne e sonhos como ela. Fala de suas caminhações, de suas intenções e até mesmo de suas paixões. Conversa horas a fio em feitio de melhores amigas. E não meia vez para se zangar com quem faz gracinhas do tipo – e a lua lhe responde? Ora, não há melhor conselheira do que aquela criatura empalidecida feita de tantas e quantas fantasias próprias e alheias. Por isso, ela faz da lua sua confidente, seu diário a céu aberto, seu travesseiro...

As duas compartilham canções e outras profundidades e amenidades do dia a dia. Não é à toa que a janela de seu quarto é um imenso porta-retrato que emoldura com precisão até mesmo as fases mais crescentes. Ela nunca está cheia da lua, pois para ela a lua é sempre nova mesmo quando minguante. E não foi uma ou duas vezes que a lua já a colocou para dormir. Nada de telefone ou internet, ela prefere passar seu tempo conversando com a lua. Elas duas se completam como se fossem feitas do mesmo elemento – a imaginação.

A lua sabe de coisas sobre ela que ninguém ainda ousou saber. Nunca mentiu ou ao menos pensou em mentir para a lua. Na relação das duas não há o mínimo espaço, tampouco a menor necessidade, de traição. A lua aconselha, guia, clareia, encoraja, inspira aquela que sempre gostou de viver no mundo da lua. Já perguntou até mesmo para sua mãe se quando pequena, por algum motivo, ofereceu sua alma à lua. Pois, se sente parte daquele ser que veleja pelos céus escuros como uma vela que não se apaga.


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