Daniel Campos

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30/10/2011 - Louco amor...

Eu quero um texto conjugado em um tempo ainda não conhecido pelo homem, mas já vivido pelas criaturas que amam sob a égide da loucura. Um tempo que por mais louo que seja é lúcido em seu propósito maior: amar, amar, amar sobre todas as coisas. Tempo tão lúcido que os detalhes desse amor impregnam nas memórias daquele que o vive. Um tempo capaz de trazer o futuro para o passado e de levar o ontem de volta ao amanhã.

Eu quero uma lua cheia ao meio-dia, um sol de verão à meia noite e um eclipse a cada beijo. Que o beijo seja pensado, imaginado, sonhado. Mas que aconteça ao acaso. E que quando seja concretizado, traga uma situação tão inacreditável, improvável, inalcançável que coloquem em dúvida sua existência, colocando esse beijo num tempo ilusório. Será que de fato existiu? O beijo? O tempo? É como se o tempo real deixasse de existir durante o encontro das suas bocas apaixonadas.

Quando se ama loucamente o tempo pula etapas, contraria o relógio, corre ao contrário. O tempo troca o dia pela noite, o nunca pelo sempre, o final por um começo. O tempo, sob os efeitos da loucura do amor, sofre mutações que podem transformá-lo, por exemplo, num pássaro, numa saudade, num infinito. Quando se ama, o tempo perde a importância, chegando a ser anulado.

Eu quero um texto conjugado no tempo de um louco amor, presente quando ausente.


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