Daniel Campos

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13/09/2011 - Insolação

Fugir do sol deixou de ser um capricho assim como viver às sombras, na sombra de algo ou alguém, não é mais motivo de crítica. Escapar do brilho do astro é uma necessidade fundamental. Um fator vital para a continuidade da espécie. Os raios violetas castigam, ferem, matam. O calor sufoca. Há um abafamento generalizado solto por aí.

Ao contrário dos corpos dourados, a moda evidencia os corpos pálidos. Enquanto o desejo esquenta, as cores frias refrescam os olhos alheios. O que está em alta é a refrescância das mulheres drops de hortelã. Para os corações de uísque, incluindo os dos caubóis, pedras e mais pedras de gelo. Entram em cena os perfumes cítricos.

Nada de cair nos ensopados, feijoadas, chocolates. A dieta se resume a sucos, frutas e sorvetes. Os apaixonados correm do mar e sonham com uma casa na montanha. A decoração abusa dos ventiladores, seja modelos contemporâneos ou retrôs. Vestidos curtos e leves e soltos e pés descalços dominam as passarelas.

Janelas abertas em busca do hálito da lua. Cobertas e pijamas no armário. Os corpos se enlaçam, se esquentam e suam em conjunto. Época propícia à solidão. Se o amor nasce no inverno, a separação festeja durante o verão. Pobres os que estão condenados a viver uma paixão durante o reinado do mais tirano dos sóis.


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