Daniel Campos

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16/10/2014 - Inigualável

Na escuridão do dia ela chega de assalto, ensolarada e quente, como se fosse queimar a gente em sua combustão poética. Chega sem ruídos colocando as peças do meu destino em movimento como num tabuleiro de xadrez. Reconheço cada um dos seus silêncios primaveris, que gritam como flores se abrindo. Já parou para pensar nas dores de parto das flores se abrindo para enfeitar seus jardins, suas ruas, seus vasinhos? Pois bem, a mulher que amo floresce calada para enfeitar minha cama, meu corpo, meu lado, minha alma. Eu me comovo com tudo isso e com isso tudo. E mesmo no quarto escuro reconheço nitidamente a explosão de silêncios da mulher amada se transformando em ramas e pétalas. Uma sinfonia natural, delicada, imperceptível para os ouvidos que não se atentam à poesia. Na verdade, ouso dizer que somente um mente apaixonada é capaz de perceber tais notas. Notas musicais e perfumadas que se espalham pelo ar a partir da mulher que floresce como uma fragata deslizando pelos céus da minha imaginação, que é mais real do que muito do que se vê por aí. Floresce, íntima e singular, de forma inigualável na medida exata do amor.


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