Daniel Campos

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12/07/2010 - Grilagem

Era só o que faltava: grilos falantes e cantantes invadiram minha casa. Na cozinha, na sala, no banheiro, no quarto... No sapato, na geladeira, no guarda-roupa. Há uma epidemia de grilos. Os orientais dizem que eles são sinônimos de boa-sorte. Por alguns minutos tudo é festa, mas confesso que ficar sem dormir por conta deles é, no mínimo, um atestado de azar. Mau-humor, indisposição, náuseas. Que cantoria de uma nota só é essa pelo amor de Deus?

De onde vieram os insetos ortópteros, da subordem ensifera, da damília dos grilídeos? Será que vieram das nuvens ou das ferrugens do chão. Mas aqui só tem plantação de sonhos e mais nada. Não sei se gostam de sonhar, mas agora que eles acharam direitinho a minha estrada só resta pedir ajuda às fadas, aos duendes, aos elfos... É um reco-reco nascendo sem parar desses bichos esverdeados. Minha esposa já arrumou as malas...

Como pode um inseto que pesa apenas 15 gramas fazer tanto barulho desse jeito? Mas que malfeito o barulho desses machos que vivem para atrair suas fêmeas. Esse bater de asas, esse roçar de pernas, esses hábitos noturnos. Qual é o santo protetor das vítimas dos grilos? Alguém conhece alguma simpatia? Trataram de inventar veneno pra rato, barata, muriçoca e carrapato, mas e os grilos? Só há dois caminhos: colocar algodão nos ouvidos ou juntar-se a eles num som bandido.


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