Daniel Campos

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20/05/2013 - Friagem

O galo, nos amanheceres gelados, chega a cantar rouco. A cama repleta de cobertas fica ainda mais difícil de ser deixada em manhãs assim. Até os pássaros, que gostam de refestelar o clareamento dos céus, demoram mais a sair dos ninhos. O estômago pede por bebidas e comidas quentes. Os pratos precisam levantar fumaça para agradar os olhos. As roupas pesadas ganham a moda das ruas e, até, dos quartos. As fogueiras de São João são como estrelas caipiras no chão.

O vento, em tons de inverno, corta os ares de outono levando os mais carentes a pedir colo. Os restaurantes ganham em charme e requinte. As palavras ficam mais intimistas. É travada uma verdadeira guerra contra o chuveiro, que insiste em não esquentar o desejado. O calor humano torna-se a principal pedida gerando uma epidemia de namoros. O coração tenta se agasalhar como pode. A friagem, em feitio de noiva, segue por dias e noites afora com um buque de flores de São João.


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