Daniel Campos

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31/01/2013 - Fantástico

Zanza daqui, zanza dali, eu estou lá. Ninguém pode comigo, ainda não nasceu quem vai me derrubar. Eu tenho em mim o grito do silêncio, a sombra da luz, o frio do fogo. Esfaqueio e serpenteio com a mesma facilidade. Dou nó em pingo d’água, dobro sinos e viro a saudade pelo avesso. Tenho olhos e ouvidos espalhados por todo lugar. Sou o demônio que tira gemidos da deusa. Sou o anjo que faz o capeta confessar seus pecados. Não tenho parada, morada, estrada. Estou sempre rodando, como cata-vento e roda-gigante.

Não faço profecias, mas faço fantasias virarem realidade. Prefiro conversar com os mortos a ter com os vivos. Não concedo nem privo ninguém da minha presença. Sou como o mistério, que, ao mesmo tempo, está e não está. Eis aí a minha beleza. Sou desejado e odiado como uma sentença. Confundo cabeças, troco sentidos, crio sentimentos. Sigo como capitão do mato, como pirata dos ventos. Sou a pedra atirada e a dor sentida e, quiçá, também aquela que é estancada. Sou tudo e sou todos sendo absolutamente nada.


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