Daniel Campos

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10/10/2008 - Eu sou o bom, o bom, o bom

Quero ser o político mais votado nas próximas eleições. Quero ser o cara mais rico do mundo. Quero ser o maior comedor de hambúrguer da lanchonete da esquina. Quero ser o primeiro colocado no concurso público. Quero ser campeão de remo, vôlei, esgrima e arremesso de cuspe. Quero ser nota 10 na escola. Quero ser o número 1 do futebol. Quero ter o melhor corpo. Quero ganhar um Oscar e um Grammy por ano. Quero ter o melhor carro de todos. Quero ser o dono da festa. Quero ser o artista mais famoso. Quero ser artilheiro do campeonato. Quero ser a menina mais bonita do colégio. Quero ser au concur. Quero ser o bom, o bom, o bom.

Os versos de "O Bom", que foram sucesso na época da Jovem Guarda, estão atualíssimos. Há todo um movimento para ser o melhor, para ter mais e mais, para se chegar em primeiro lugar sempre. Disputa-se o melhor corpo, o melhor diálogo, o melhor carro, o melhor salário, a melhor imagem, o melhor isso e aquilo. E ao contrário de uma competição saudável, vê-se um exagero no quesito superação de limites. Parece que não há freio nisso tudo.

Enquanto corre-se atrás dos parâmetros alheios, a vida passa despercebida, ou seria inutilmente? Ao final da disputa, tem-se o que? A vitória?! Ops, não há vitória nessa competição! Há sempre alguém melhorando, evoluindo e lhe superando. Se nem os recordes olímpicos duram para sempre, o que dizer dos recordes cotidianos? Ao contrário de acumular conhecimento construtivo, joga-se pesado para ser o bom. E esse fenômeno está produzindo uma humanidade com fortes tendências de se nivelar, mais e mais, por baixo.

Observação do autor: Amanhã, uma homenagem aos cem anos de nascimento de Cartola, o gênio de Mangueira. E no domingo, este site traz uma relato inédito de uma conversa minha com o autor de "as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam, o perfume que roubam de ti"...


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