Daniel Campos

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10/06/2013 - Eu nas voltas do tempo

Meu destino é feito de linhas, de retas, de tortas, de curvas, de círculos. Volta e meia eu me encontro comigo. Às vezes estou mais velho, às vezes mais novo. Trago sonhos novos e saudades antigas na minha bagagem. Vejo ora com dor ora com alegria que muito de mim ficou pelo caminho. Faço o saldo de toda luta, calculando erros e acertos. Na minha conta, o balanço das omissões e das tentativas, independentemente se vitoriosas ou frustradas. Em alguns reencontros estou em guerra, em outros em paz comigo mesmo, e em outros ainda vivendo um misto dos dois. São conflitos acumulados, dramas impregnados, passos dados e não dados se cruzando dentro e fora de mim. E dentro de uma volta do tempo, tantas voltas e temporais.

Sou tudo e nada nas voltas do tempo, ainda mais quando o calendário é uma instituição humana. Eu não conto o tempo, eu conto vidas. Tenho consciência de que essa é mais uma passagem dentre tantas que já tive e ainda terei. Sou um colecionador de momentos, de experiências, de existências. Sou sentimento atirado ao vento. Sou poesia transcendental. Sou a prosa do cosmos. Sou finito nessa matéria, mas infinito enquanto antimatéria. E é com essa consciência de infinito que me olho no espelho. O coração bate mais silenciosamente enquanto o espírito grita. Grita por evolução, por revolução, por transformação. E eu, mesmo que de pedra, choro. E eu, mesmo que de seiva, sangro. E eu, mesmo que de linha, verso. Verso à linha da poética que me destina.


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