Daniel Campos

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15/04/2016 - Escutei o mar

Quando encostei meu ouvido em seu peito escutei o mar. Ao contrário de batimentos cardíacos, o som do mar. Mar alto que quebrava em meus ouvidos em sustenidos ainda nem sonhados pelo compositor. E no seu beijo um gosto de sal, como saliva do mar. Não é à toa que sua cor preferida era azul. Azul ardósia. Azul cobalto. Azul marítimo. Azul de todo mar extravasando por suas palavras, por seus olhos, por seus poros. Ao vento seu corpo ondulava. Ao tempo seu corpo ia e vinha sem parar. Se derramava e puxava com a mesma intensidade. Sobre ela eu me sentia uma gaivota. Debaixo dela eu me via como um tubarão. Nunca descobri ao certo a sua profundidade, mas sua imensidão era coisa para lá de toda saudade que há. Se enfeitava de conchas e tinha amor por Iemanjá.

Quando encostei meu ouvido em seu peito escutei, escutei o mar.


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