Daniel Campos

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21/11/2015 - Ela virou vagalume

E ela se desprendeu da mão do pai e correu no meio dos vagalumes, como se eles fossem estrelas beirando o chão e ela uma menina, apenas uma menina, imersa, totalmente imersa, na imensidão. O pai achou graça da menina dançando, saltando, cantando, rodando por entre os vagalumes. Foi alegria, contentamento, euforia, sentimento, perfume. Ela falou que seria vagalume, o pai não deu atenção. Achou besteira, bobagem, coisa de que não tem idade ou própria vontade. O pai se distraiu, a menina se abstraiu e ninguém viu o caminhão que cortou o estradão sem farol, sem buzina, na banguela, na surdina. O pai gritou, chorou, esperneou e a menina nem escutou. Por mal ou pro bem, ela cumpriu sua sina e virou vagalume também. O pai achou que ela acabou, mas ela, na verdade, iluminou.


Comentários

21/11/2015, por Luisa Mendes:

Triste, mas lindo

23/11/2015, por Dalva:

Adorei a graciosidade


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