Daniel Campos

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17/09/2013 - Ela foi

Pelos jardins do medo, ela foi pirata, enterrando, desde muito cedo, arcas e mais arcas de segredos. Pelo mar azulado, ela foi se despindo do passado, num salgado ato de amar. Pelas cercanias da imensidão, ela foi solidão, a única e própria companhia, fantasia e ilusão. Pelas estrelas de cristal, ela foi donzela, foi moça da janela, foi uma versão de cinderela e foi passista da Portela. Pelos terreiros de santo, ela foi encanto, quebrando quebranto e batendo cabeça a quem governa seu corpo inteiro.

Pelas estradas alongadas, ela foi passo e pássaro, o aço da guerra e a fada mais desejada. Pelos quartos da lua, ela foi minguante, foi amante, foi vogal e consoante de uma magia delirante. Pelas páginas da história, ela foi, ao mesmo tempo, e num só sentimento, glória e escória. Pelas bancas de jornal, ela foi rainha de carnaval e vítima de crime passional. Pelas danças do mundo, ela foi esperança de um destino fecundo. Pelas esquinas da vida, ela foi menina, obra-prima, imã, chegada e despedida.


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