Daniel Campos

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08/12/2008 - É hora de superar Tristão e Isolda

É necessário que haja a vitória do sofrer para uma história de amor ser aplaudida? Este é o dilema que fez o filme Romance, protagonizado por Wagner Moura e Letícia Sabatella, revirar minha cabeça desde que deixei o cinema. Os atores dão vida aos personagens Pedro e Ana, que trazem à tona uma versão contemporânea do romance medieval Tristão e Isolda. Essa obra teria reinventado a idéia de amor, influenciando, inclusive, Romeu e Julieta. Ou seja, tudo o que vivemos em matéria de amor é resultado desta lenda celta.

Além de sofrerem diante de inúmeros obstáculos ao amor durante sua história, Tristão e Isolda, que se amam perdidamente, morrem no final da trama. A máxima é de que o amor, para se concretizar, precisa sofrer desvairadamente. Os finais felizes dos contos de fada dão lugar aos fins trágicos, mas aplaudidos por quem gostaria de amar daquela forma. Ilusão e realidade se misturam e diante desses romances ao extremo o enlace cotidiano fica sem graça. Por isso, o personagem de Wagner Moura é enfático ao afirmar que a paixão dura apenas três anos.

Há quem se frustre por ainda não ter vivido um Tristão e Isolda. Há quem seja incompreendido por tentar sofrer mais do que amar. Há muitos Tristões vagando sem Isoldas e vice-versa. No entanto, refuto essa idéia de romance de dor. O amor pode chegar ao ápice sem que possua um final trágico. É claro que a vida, por si só, polvilha sofrimentos em nosso tabuleiro, mas é preciso que o amor seja o contraponto e não somatório deste sofrer. É preciso descobrir um novo romance entre a tese de Cinderela e a antítese de Tristão e Isola para que o sentimento não leve suas criaturas à morte, mas a uma outra espécie de vida.


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