Daniel Campos

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27/09/2012 - É hoje

É hoje. E somente hoje. Amanhã não será mais e ontem não foi. É hoje. É hoje, indiscutivelmente, o momento. É hoje que o sentimento se dá de forma única. O vento que venta hoje não ventará nunca mais. A água que corre hoje não voltará nunca mais. A folha que cai hoje nunca mais voltará a ser árvore. A novidade de hoje amanhã estará perdida no fundo do baú da eternidade. O beijo dado hoje nunca mais será recebido. A palavra dita hoje não terá o mesmo significado ou força ou pretensão amanhã. A mocinha de hoje amanhã poderá ser vilã. O sonho mais procurado hoje amanhã poderá não passar de uma febre terçã.

É hoje. Unicamente hoje. Os passos de hoje serão apagados a partir de amanhã. Os heróis de hoje serão esquecidos a partir de amanhã. Os aplausos de hoje serão silenciados a partir de amanhã. Os números de hoje serão outros números a partir de amanhã. O ânimo de hoje amanhã poderá ser desânimo. O abraço de hoje amanhã poderá ser só um braço. O deus de hoje amanhã poderá ser adeus. A lua cheia de hoje depois de ser minguante e, crescente e nova poderá ser mais ou menos cheia, porém nunca mais terá o mesmo volume, o mesmo desenho, a mesma curvatura, a mesma cor, o mesmo ciúme, o mesmo brilho, a mesma temperatura, o mesmo espartilho...

A verdade é a de que o hoje que ontem foi expectativa, amanhã será saudade.


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